15 SETEMBRO 2022

Em três meses, a taxa de juro de referência do Euro passou de 0% para 1,25%

Reconhecendo finalmente a gravidade da taxa de inflação atual, o Conselho de Governadores do Banco Central Europeu endureceu a sua posição e decidiu em conformidade. Ao afirmar estarmos ainda longe da taxa de juro que levará a inflação para a meta de 2%, Christine Lagarde explicitou a necessidade de novos agravamentos nas próximas reuniões do Conselho, jogando também com as expectativas – o mercado levou de imediato a Euribor a 12 meses acima de 2,0 e a Euribor a 6 meses para um valor acima de 1,5%, antecipando futuros agravamentos.

Mesmo que não se repita a amplitude da variação de 0,75 p.p. anunciada há dias, é cada vez mais provável que terminemos o ano com uma taxa de juro de referência próxima do 2%, cenário até há pouco tempo inimaginável por muitos, mas irreversível. O ano de 2023 poderá levar-nos a valores da taxa de juro de referência até 3% ou superiores. Tudo vai depender da evolução da inflação até lá e do comportamento da economia europeia, que caminha para uma recessão cada vez mais inevitável.

Neste contexto substancialmente agravado e admitindo que, em normalidade, a taxa de referência do Euro varie entre 1,50% e 2,50%, a fixação de indexantes em contratos de financiamento entre estes dois valores para os próximos 5 anos pode ser uma opção avisada. Neste momento, as taxas SWAP do Euro a 5 e 10 anos, referências para essa fixação, estão em torno dos 2,50%, mas os bancos podem oferecer condições mais interessantes.

As empresas e as famílias podem e devem proteger-se da incerteza, negociando soluções com o seu banco ou procurando alternativas na concorrência. No caso das famílias, nomeadamente nos créditos à habitação, sobretudo se os contratos estiverem na primeira metade da duração, quando a prestação é constituída sobretudo por juros e menos por amortização de capital, a fixação da taxa de juro pode ser a opção mais recomendável.